Nessa mesma capa, ainda se referia à Alemanha como o país da copa, os 30 anos do punk eram revisitados e invejava-se os lábios de Angelina Jolie e o corpo de Elle Macpherson. Na época, quem fez o novo projeto gráfico da revista foi a própria diretora de arte, a inglesa Rebecca Mason. Hoje em dia, Mila Waldeck, diretora de arte da Vogue já há alguns anos, capitaneou essa "engenharia nos pilares da revista", como definiu Falcão, com o auxílio da própria Mason, a mesma de cinco anos atrás. Devo frisar que a Rebecca é uma gracinha fashionista de uns trinta e poucos. Na capa da "nova reforma", edição de junho de 2011, temos Raquel Zimmermann vestindo Animale e as chamadas - muito mais chamadas do que há cinco anos: cremes para as idades de 20 à 50, o poder do branco no inverno, os casacos mais desejados da estação e Marta Suplicy, Bia Antony e Kate Middleton. Veja só.
Gostei, e muito, da "nova cara". Não é fácil diagramar uma revista com o volume, a quantidade de informações, o acervo imagético e a assiduidade mensal que a Vogue apresenta. Mesmo assim, eles tiram de letra. Acho engraçado como as pessoas gostam de escorraçar a Vogue por ser elitista, por tratar a moda fora da realidade, por ser medíocre e superficial, por já ter virado mainstream. Acho engraçado mesmo. Sou defensora com unhas e dentes da Vogue. Reconheço que há uma série de revistas, blogs e designers interessantíssimos por aí que podem estar sendo atropelados de alguma forma, mas jamais se pode tirar o mérito. É uma revista de arte, de contemporaneidade, com boas matérias, editoriais, saudosismos e o que está em cena atualmente. É o que Anna Dello Russo já afirmou há tempos: ninguém compra uma Vogue para ver jeans e camiseta. Ninguém vai a uma exposição de arte para ver o que nós mesmos podemos rabiscar com uma bic.
Enfim, escrevi tudo isso para dizer: Vogue, sualinda, é isso aí! A tipografia fluída, as colunas, os créditos, as legendas, as informações dos produtos, até a cursiva - e olha que eu sou sempre a primeira a levantar a bandeira contra as cursivas -, até a cursiva ficou genial! Sou puxa-saco sim, me deixa. Mas ó, o mais legal, disparado e sem sombra de dúvida, foi a lombada. Que lombada maravilhosa! Quem empilha/enfileira revistas, sabe o valor de uma lombada. Que lombada bem linda...
N.E.: Um amigo comentou que achou estranho o logotipo estar em "sans serif" na lombada. Queria afirmar que eles não mudaram o logotipo, apenas tiveram os colhões de alterá-lo só ali como recurso gráfico, em prol de melhores leiturabilidade e visibilidade. Para isso, também tiraram o itálico, colocaram o "n°" em caixa alta e mudaram completamente a tipografia, os pontos e a proporção.