quinta-feira, 9 de junho de 2011

avoid

Sou dessas pessoas que gosta de fazer tudo ao mesmo tempo. Nessas de fazer tudo ao mesmo tempo, acabo não fazendo nada. Esses tempos li em algum lugar sobre a facilidade que as pessoas com déficit de atenção têm em trocar uma atividade por outra. Me identifico muito com essa descrição, minha própria narrativa literária aqui do blog condiz com isso. Escovo os dentes pela manhã já procurando o cartão do ônibus na bolsa. Aí, claro, tento pagar o ônibus com o Panvel Fidelidade e escovo os dentes com Bozzano. Esse pensamento vanguardista atrapalha bastante. A intenção geralmente é boa, mas meu lado desatento e meu lado burro são regiões limítrofes do meu córtex cerebral.
Aos que ainda não compreenderam, exemplifico - expondo a mim mesma: Lá estava eu, toda gatinha, fumando um cigarro na entrada de um shopping da capital. Havia um pequeno grupo de pessoas interessantíssimas ali, fumando também e trocando uma idéia. Dois guris e uma guria. Não ouvia o que eles estavam falando, eu estava com os fones, mas com certeza era algo atraentemente palpitante. Não há dúvidas quanto a isso. A menina estava com um vestido boudoir e um terno compridinho, os garotos tinham o cabelo bagunçado e a barba estrategicamente mal feita para dilacerar corações. É óbvio que o que eles conversavam era imprescindível. Incrível como algumas pessoas são naturalmente interessantes.
Fiz o maior esforço do mundo para parecer interessante também.
Lá pelas tantas, fui puxar o celular do bolso para desligar a música e seguir com os fones, como qualquer boa stalker. Tenho a péssima mania de puxá-lo pelo próprio fio e ele tem a péssima mania de ser um smartphone enorme. Não é que o celular dá uma trancadinha no bolso, eu fico só com o fone de ouvido na mão, ele acaba caíndo e, sem os fones conectados, reproduzindo em alto e bom som o que estava rolando na playlist? ONE, TWO, THREE, NOT ONLY YOU AND ME, GOT ONE EIGHTY DEGREES AND I'M CAUGHT IN BETWEEN. Porra, por que nessas horas não estava tocando um TV On The Radio ou um Massive Attack?! Fiquei TÃO constrangida com aquela Britney Spears descontrolada que acabei pisando em cima do celular. PISANDO EM CIMA DO CELULAR. Se eu já me atrapalho em situações convencionais, imagine só no susto. Ele continuou tocando, claro. Aí quando as faculdades mentais voltaram ao seu funcionamento regular, me abaixei, peguei o dumbphone, dei pause e comecei a rir. A situação durou um átimo de segundo, mas pareceu muito mais. Olhei para o lado, os três estavam me olhando e rindo também. Fiquei em dúvida se estavam rindo mais da Britney ou se de mim, pisando naquele celular como quem mata uma barata. Acendi outro cigarro e saí dali, ainda rindo, mas evitando perder a compostura. Bem feito.

Moral da História¹: Sempre aja com calma e tranquilidade, raciocine bem antes de fazer as coisas e as faça uma de cada vez.
Moral da História²: Só ouça Britney Spears trancado sozinho em um quartinho escuro, frio e úmido.
Moral da História³: Não compre um Nokia E63. Ele quer foder você.