Tem uma árvore na frente da minha janela. Ela foi cortada há uns anos, e nasceu um galho do toquinho. Ela foi crescendo de novo e eu ainda não a tinha visto na primavera. Aliás, talvez a tivesse visto, mas não a tinha reparado. Hoje, quando abri a janela, ela me pareceu maior, mais verde, mais iluminada. Fiquei ali, parada, me sentindo idiota por me deixar sensibilizar tanto por uma árvore.
Esses dias em casa me fizeram pensar muito - até porque não tinha muito mais o que fazer -, mesmo. Li dois livros, assisti a cinco filmes e às duas temporadas de community. Cheguei a algumas conclusões de coisas que eu vinha fazendo, e da maneira que lidava com certos fatos. Não digo que agora eu vá mudar completamente, não venci um câncer nem nada, mas pensar sobre nós mesmos é bom de vez em quando. É incrível a minha capacidade de solucionar os meus problemas sendo irônica. E isso não faz de mim uma pessoa engraçada, isso só faz de mim uma pessoa meio idiota. Precisei de 40° de febre para me dar conta disso. Precisei, também, de um filme onde a mina anda de bicicleta de pijama enquanto bebe whisky e Whoopi Goldberg é deus para valorizar a vida que levo e as pessoas que estão nela.
Ter ficado doente não foi tão ruim assim. Ouk, foi, foi péssimo na verdade, mas abrindo a janela hoje me dei conta disso. Foi preciso ficar assim para dar um tempo nessa vida vertiginosa e eu pensar em certos aspectos. Foi preciso ver uma árvore verde de novo para eu me dar conta de que é normal ficar doente, assim como é normal se recuperar. Não foi questão de merecer ou não ficar doente, isso acontece. Desejo o mesmo para todos, de verdade. Sem a parte da mononucleose.