terça-feira, 29 de dezembro de 2009

cidadã

Antes de mais nada, incluam, como aqueles rodapés prontos de emeio com nome e telefone, em tudo o que eu escrever a partir de agora o seguinte começo "Porto Alegre. 40°C. Queria morrer."; porque se essa frase não for a protagonista dos próximos posts, ela será parte importante. Continuemos.
Porto Alegre. 40°C. Queria morrer (só pra ir treinando). Errei a parada e desci antes do 165/Cohab, um ônibus que eu pego às vezes só pra chegar e curtir minha galera. Godamnit, esbravejei. Eu tenho uma mania muito ruim que é a de ter peninha das coisas e das pessoas. Não consigo seguir aquele lance de "foda-se, nunca mais vou ver essa gente mesmo", só quando eu estou bêbada e, claro, geralmente vejo de novo as pessoas. Enfim. Puxei a cordinha de maneira precipitada e, quando o seu motorista parou, não pude não descer do ônibus, fiz o cara parar, então agora vou descer. Desci.
Após o godamnit!, fui me arrastando por aquela cálida avenida e não pude deixar de notar as bolhas que iam se formando no asfalto pelo calor (not), eis então que surge uma carteira na minha frente. Não carteira de grana, uma carteira de profissão mesmo, dessas pintas que vestem amarelo e podem subir no bus sem pagar. Oi, com licença, disse uma mulher gordinha de lá seus trinta anos, com uma malinha de cartas, um boné, com sua pele morena bronzeaaaada do sol, traduzem a sensualidade, reluz em meu seeeeer. Tá, parei.

- Oi...?

- Oi, tu tá indo pra tua casa agora?

Ok, medo. Meu lado teoria da conspiração foi quem trouxe rapidamente a primeira hipótese antes que a carteira pudesse esclarecer qualquer coisa. De alguma forma, essa mulher sabe onde eu moro, eu deveria estar pendurando roupas na rua quando o google earth fez sua última atualização. Ela certamente vai me pedir para levar alguma carta até o meu prédio, tendo em vista que ela teria que subir todo o morro só para isso. Tá. É isso então. Larguei a sacola da Zara no chão, senti as roupas e suas respectivas etiquetas remarcadas pela famosa liquidação de final de ano acomodando-se no chão quente, olhei fundo dos olhos da moça e disse, fazendo a mais estranha das feições que minhas sobrancelhas me permitem:

- Sim... Por quê?
- Ah, ótimo! Assim. Avisa teu pai que o documento do carro dele chegou hoje no fim da tarde, então é pra ele passar na agência aqui da Padre Cacique até amanhã ao meio dia para pegar, que vai estar aqui disponível pra ele, tá? Ele foi hoje mais cedo buscar mas ainda não tinha chegado.

Tipo, QUÊ? Comecei a rir. Talvez de nervosa. Das duas, uma: ou essa mulher me reconheceu de já ter ido lá no prédio e agora sabe exatamente as minhas feições, a ponto de me reconhecer sacoleira e suada caminhando pela rua, talvez até saiba meu RG, meu CPF e o resultado do meu teste do pezinho, ou eu sou tão escancaradamente a cara do meu pai que ela me viu ao longe e pensou "Viiish, essas bochechas caídas, essa papada no pescoço, essa altura toda. Só pode ser filha do seu Raul". Sinceramente, não sei o que é pior. Só sei que quando se mora numa cidade há tanto tempo a ponto de ter que ser porta-voz da carteira do bairro, está na hora de repensar os prismas.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

god saved the queen

Saca quando tu escolhes um outfit para certa ocasião e, ao chegar lá, pensas "acertei. alôca, adoro. por favor, me enterrem com essa roupa"? Enfim, não exatamente assim porque essa sou eu, mas quando o outfit condiz com a temperatura, com o local, com o tom e, menos importante, com as outras pessoas? Então.
Ótima hora para se estar de luvas.