sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

keep your eyes on the road, your hands upon the wheel

Ok, rápida experiência traumática: Entrei no prédio onde eu trabalho. Levemente atônita, com meu olhar perdido, quase o mesmo olhar da menina comedora de pássaros do Magritte. Estado de espírito usual, tenho esse ar de quem não sabe ao certo o que está fazendo enquanto caminho. Bolsa no braço, água na mão. Cumprimentei o seu Antônio da portaria, entrei sozinha no elevador, marquei o 4° andar e esperei. Larguei a água no chão para abrir minha bolsa e pegar a chave. Nisso, o elevador pára. "Que rápido!", pensei. Estou acostumada com o antigo escritório que era no 18° andar, subir quatro andares não é nada. Entram duas meninas, eu desço. Saco a minha chave, enfio na fechadura e ela encaixa. E o mais surpreendente, dá uma volta. Abro a porta e deparo-me com um verdadeiro cataclismo. Calamidoso, catastrófico, caótico, e isso tudo só na letra C. Madeira por toda a sala, um rombo na parede, sacos de imundícies, enfim, uma verdadeira zona. Eu fiquei ali, parada, catatônica, com a mão no trinco. Passei uns 10 segundos pensando que o andar de cima havia despencado e caído sobre a Verdeperto, todos haviam morrido durante o horário de almoço, houve um terremoto na esquina da General Câmara com a Andradas e não houveram sobreviventes no quarto andar ou, ainda, um avião chocou-se contra o prédio, errou feio o rumo para a Casa Branca. Olhei para o lado e vi o restaurante do prédio. Ok, pensei, o restaurante não ficava no segundo andar?, questionei. Levantei a cabeça e vi o que estava escrito no topo daquele verdadeiro portal para a desavença entre os povos: 201, estava escrito. Algumas pessoas do restaurante me olharam estranho, eu deveria estar branca. Fechei a porta e subi correndo as escadas rumo ao quarto andar, repetindo baixinho Puta que pariu, que cagaço, puta que pariu, que cagaço, puta que pariu...