Há quem a critique, dizendo que, como editora de uma revista tão influente, ela não devesse se vestir de forma tão inacessível. Eu desafino o coro dos contentes, acho completamente o oposto: ninguém abre uma Vogue para ver jeans e blusinha, para ver o pretinho básico da estação. Ninguém abre uma Vogue para ver modelos com roupas ordinárias desfilando na passarela, sem explorar o máximo do que o tecido pode produzir e sem movimentar o glamour que a marca e o nome por trás do desfile venderão em perfumes e sapatos com enormes listas de espera depois. Anna é a personificação disso. É alguém que nos mostra como o meio fashionista é feito de estruturas e buscas, referências e diferenciações.
O mais engraçado disso tudo, é que as pessoas tendem a não compreender. Tendem a não ver a moda como mais um movimento artístico, aliás, um movimento não, uma escola que transita entre os movimentos, evoluíndo junto com a história. As roupas usadas em uma determinada época trazem tantas referências e significados quanto um quadro do mesmo período traz. A própria Anna se manifesta a favor dos bloguers, não como mera vitrine online, mas como instrumento de comunicação em massa, discussão aberta a todos que tiverem algum palpite sobre. E, realmente, as pessoas tendem a não compreender. A distanciar-se disso tudo e fingirem que essa indústria da moda é uma tal que não as atinge.
Adoro a feição das pessoas diante da Anna. Adoro. Gosto mais do que comer negrinho de panela enquanto vejo Sex and the City. Ela feliz, se divertindo horrores na montação, e as pessoas olhando para ela com a sua pior feição. Adoro essa ignorância toda e adoro o descaso italiano dela diante de todos.





