quarta-feira, 10 de junho de 2009

espalhar os encosto e as maldade

Na boa, se antes de ilustrar o inferno Doré tivesse pego um 263 às 18:30h, ali pela altura da Azenha, numa tarde chuvosa (ou pior ainda, de sol) carregando uma pasta A3, ele talvez compreenderia melhor o teor retesado de Alighieri...
A pinta acorda cedo, vai lá, na mais santa boa vontade, trabalha a manhã inteira, agüenta as eventuais travinhas do CS3 e os clientes que têm opiniões demais. Mas ah, tudo bem, c'est la vie. Corre o horário de almoço inteiro pelo centro, na chuva, resolve perrengues, estraga o cabelo e molha a linda bota que não tinha culpa de nada. Enfim, vá lá, beleza. Chega atrasada à tarde para, além de elaborar layouts, elaborar desculpas esfarrapadas. Veja só, ó céus, ó vida. Mais clientes de péssimo tom, mais perrengues. O CorelDraw resolve travar junto. Que coisa, né, deixa pra lá, tudo bem. Último dia da pílula, aquela leve atucanação durante a trepada furiosa, mas ah, que coisa, acontece.
Agora meu, compreensão tem limites. Não dá pra pegar aquele ônibus, depois de um dia desses, e querer ser feliz. Não dá. Sério, eu vejo uma bala perdida atravessando meu crânio, o sangue vermelho respingando na pashmina creme, o horror ao redor, meus joelhos cedem, esvaio-me em pleno chão, com uma leve expressão de complitude... abro o olho e me dou conta de que ainda estou no Orfanatrófio 263 Centro-Bairro lotado, de pé, mil trutas, mil tretas, carregando mil coisas e sem um pingo de paciência.

Damn it.