sexta-feira, 3 de setembro de 2010

uma certa angústia

aqueles quentes finais de dia em garopaba, jogando taco no quintal da casa do miguel. aquela semana vertiginosa em buenos aires, em um começo de semestre qualquer, conhecendo exatamente quem eu mais queria conhecer. aqueles pedalinhos da beira do guaíba, para rir e pedalar a orla toda. aquelas noites no atelier, sem ainda muitas perspectivas, mas com muita vontade. as manhãs na rua torta da santa terezinha, quando a vida era mais tranquila e os amigos antigos, mais presentes. aquelas tardes gostosas no siriu, onde os mosquitos não perdoam, o bandolim chora e o tempo não passa. os momentos ímpares de santiago, a cidade dos contrastes. os poucos anos em brasília, que pouco recordo mas muito sinto. respirar o ar e amanhecer no bom fim, fosse com quem fosse. as caminhadas intermináveis com os guris, entre as praias secretas dos bicuíras. a ciclovia do marinha, que guarda apenas para si tudo o que aconteceu lá. o cais do porto, que também é cúmplice. aqueles dias em curitiba, onde já não distinguia mais o final de um e o começo de outro, onde tudo era perfeito e embalado apenas pelo momento. aquele menino que conheci no último dia do evento. a bienal dentro dos containers. as tardes de dúvidas, descobertas e filmes experimentais, com as pessoas certas, fosse no bar do alberto, fosse no nosso bar. aquele almoço na praça da alfândega, com bigode e taça de champagne. a fumaça do cigarro que parece ter uma silhueta especial quando tragada no odeon. os dias bagunçados de xangrilá, varando madrugadas em tubos de concreto. o dia onde, logo pela manhã, tudo perdeu sua importância e o caminho da rotina foi desviado para a rodoviária, por puro impulso, saudades e amor. o trampo no décimo oitavo andar do centro, com um ponto de vista distante, distante. os primeiros meses após a compra do apartamento na henrique dias. aqueles dias, naquele momento muito especial, quando deixamos de ser irmãs para virarmos amigas, rindo na praça cagancha. aquela noite, depois do teatro, sentados no monumento da praça marechal deodoro. as conversas das tardes de redenção, com infinitas companhias, mas sempre com mate. a vida parece ir se compondo aos poucos, da maneira que dá.